Entrevista com Moradora de Paranapiacaba

Entrevista em Paranapiacaba

Visita à Casa de Solteiro: feita em madeira, construída nela dormitórios, sanitários e uma cozinha para pequenas refeições. A casa era utilizada para alojar o grande fluxo de homens solteiros que preenchiam as vagas de ferroviário. Havia poucos sanitários e chuveiros, portanto, os trabalhadores se revezavam em turno para utiliza-los.

Entrevistada: Anézia Maria de Jesus 40 anos; natural de Sergipe. Em 1974, veio trabalhar na Casa de Solteiro. Mora em Paranapiacaba há 36 anos e trabalha na Vila desde 2000, de Terça a Domingo. Gosta muito do trabalho por ser em um lugar calmo, quieto e sossegado.

Em Abril/Maio, ocorrem alguns Festivais em Paranapiacaba, da-se início com o Festival do Cambuci, que é uma fruta redonda e verde, quase no mesmo formato de um caqui, conhecida como uma das frutas típicas da região; posteriormente, em Junho, o Festival ocorrido é o de Inverno. Com isto o número de Turistas aumenta um pouco mais.

É voluntária na casa dos Solteiros, nela vende peças feitas de barro, jornal, e diversos materiais de sucata. Uma das peças feitas, um jarro com seis xícaras, foi feito por uma senhora de quase 100 anos de idade, trata-se de um trabalho muito bem confeccionado e admirado entre os turistas. O preço das peças varia entre R$1,00 (um real) a R$ 20 (vinte reais).

A Casa recebe Turistas de várias regiões. Há um Livro na entrada para os visitantes assinarem o nome e colocarem a origem, há turistas de toda parte do mundo, como Japão, São Paulo, Rio de Janeiro, etc; de acordo com a Sra. Anézia todos que vem prometem voltar.

Ela ótimo a visita dos turistas, mesmo sendo somente aos finais de semana entre o horário das 11hs às 16hs. Dona Anézia conta que trouxe um filho para cá quando veio de Sergipe; hoje ele está com 40 anos. Relata que o filho viveu na época que ainda existia o trem. Antigamente o trem descia para Santos, mas em 1980 tiraram, e em 1996 tiraram também o outro trem. Foi desativada, então, a Casa de Solteiro que alojava os trabalhadores do trem. Os trens foram substituídos pelos ônibus, fazendo com que o movimento da região diminuísse muito em Paranapiacaba.

Dona Anézia relata que gostaria muito que o passeio para Paranapiacaba melhorasse de condições, acha o valor um pouco caro para os turistas poderem vir aqui e somente ter acesso com os Guias Turistícos. Conta que devido à ocorrência de um assalto na casa das moças, um dos pontos turísticos da cidade, os moradores ficaram muito assustados por ter sido algo muito violento, Dona Anézia conta que entraram e judiaram muito das moças. Portanto, os responsáveis pela cidade proibiram os visitantes de descerem sozinhos. Contudo, os guias turísticos ainda não são o suficiente para atender a todos visitantes, sendo um guia para 25 pessoas.

Mesmo morando em uma cidade em que não há mercado, posto médico e outros tipos de comércio que necessitamos, Dona Anézia relata que gosta muito da cidade, acostumou-se morando estes 36 anos por lá, criou seus cinco filhos, sendo 3 carpinteiros, 1 guia turístico de Paranapiacaba e 1 operador de telemarkting que trabalha em Santo André. Não deseja mudar de cidade e relata ser uma pessoa muito satisfeita e feliz por morar nesta cidade turística.


Considerações sobre o Estudo do Meio


O estudo do meio é uma atividade que permite aos alunos desenvolverem uma relação com o objeto de estudo.


Segundo o PCN de historia:


        “Nesse sentido os alunos se deparam com o todo cultural, o presente e o passado, o particular e o geral, a diversidade e a generalização, as contradições e o que ser pode estabelecer de comum e diferente. Ou seja, dos indícios da arquitetura de uma, duas, três casas, ele pode construir seus próprios enunciados para caracterizar o estilo da habitação da época”


No roteiro de estudo do meio, a entrevista é muito importante, pois a partir dai as crianças vão estabelecer uma relação social entre o lugar e os sujeitos que moram ali. Para o sucesso da entrevista, um laço entre entrevistado e o entrevistador às vezes se faz necessário.

Segundo Bittencourt: “o entrevistador precisa observar também os esquecimentos, as omissões, a emoção de seu interlocutor quando este fala de certos acontecimentos de sua vida.” A partir daí a criança pode conhecer um pouco mais sobre o lugar visitado e a cultura das pessoas que lá habitam.